Ações da Eletrobras disparam com plano de reforma do setor elétrico – Folha de São Paulo

Análise do ILUMINA: No Brasil a economia funciona à canetadas. Quando as ações de uma empresa “disparam” na bolsa, certamente o consumidor vai pagar. Com o comportamento da tarifa mostrado no gráfico, é muita maldade!

A Eletrobras perdeu 70% do seu valor em 2012 com a canetada do governo Dilma-Temer que obrigou usinas e linhas da empresa a reduzir drasticamente sua remuneração. A empresa passou a ter que pagar para operar esses ativos.

Agora uma segunda canetada virá cancelar aquela canetada.

Vejam o que a imprensa e os consumidores não entendem:

  • Vamos pegar o exemplo de uma conta residencial da Light. O valor apenas da energia do mês de junho de 2017 é de R$290/MWh.
  • Aproximadamente, as usinas atingidas pela redução artificial de tarifas representam cerca de 15% da energia que já custa tão caro.
  • Se 15% da energia custa R$ 20/MWh e o resultado final é R$ 290, qual o preço dos outros 85%?
  • Fácil! Dos 290 retiramos a energia barata. 290 – 20 x 15% = 287
  • Esses 287 correspondem aos outros 85%.
  • Portanto, para a conta final dar R$ 290, 85% da energia está custando R$ 338!

As respostas que nós consumidores deveríamos exigir dos donos da caneta é:

  • Que usinas são essas que vendem energia tão caro?
  • Como 85% da energia que vêm principalmente de hidráulicas pode ter preço de térmicas?
  • Quais foram as razões dos aumentos tarifários brasileiros?
  • Por que não se fez um diagnóstico completo desse assunto? 

Como a imprensa não se interessa e o consumidor não entende nada do complexo sistema, consumidor brasileiro, prepare-se para outro aumento tarifário!

A mesma falta de coragem de rever erros e enfrentar interesses poderosos que “quebrou” a Eletrobras será desmontada com aumentos de tarifa. Mas, continua o mesmo receio de revelar o resto, que permanecerá ocluso. Portanto, preparem-se!


 

NICOLA PAMPLONA

LUCAS VETTORAZZO

DO RIO

As ações da Eletrobras dispararam nesta quinta-feira (6), com alta de 16%, após a divulgação da proposta do governo de reforma do setor elétrico brasileiro, que melhora as condições para a venda de ativos da estatal.

Para especialistas, porém, o projeto pode refletir em aumento do preço da energia.

A proposta foi divulgada ao mercado na quarta-feira (5) e detalhada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) nesta quinta. O governo defende que as medidas terão efeitos positivos tanto para o consumidor quanto para as empresas do setor.

“A intenção é trazer mais eficiência econômica. Estamos ‘desjabuticabalizando’ o setor, ficando mais parecidos com o que acontece no resto do mundo”, afirmou Paulo Pedrosa, secretário-executivo do ministério.

No curto prazo, as principais mudanças privilegiam a Eletrobras, ao aumentar o valor de mercado de usinas hidrelétricas da empresa.

As ações ordinárias da estatal (com direito a voto) subiram 16,21%. As estatais Cemig (Minas) e Copel (Paraná) também tiveram alta, de 2,4% e 3,8%, respectivamente, em um dia de baixa na Bolsa de Valores de São Paulo.

Isso porque as novas regras preveem que as usinas estatais que já tiveram a renovação antecipada em 2013 serão “descotizadas”, ou seja, liberadas do compromisso de vender cotas de energia a preços mais baratos, para a privatização.

A Eletrobras aderiu ao programa de renovação, decisão que foi questionada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) porque provocou perda de receita.

A “descotização”, porém, pode provocar alta nos preços da energia, já que essas usinas hoje vendem energia a R$ 50 por megawatt-hora e poderão vender a preços mais caros —atualmente em torno de R$ 150 por MWh.

Para o consultor da FGV Energia Paulo Cunha, porém, as medidas devem ser implementadas “de forma cautelosa, de modo a evitar impactos tarifários no curto prazo”.

“A proposta vai em sentido contrário à modicidade tarifária”, disse o presidente da Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite.

O governo disse que eventual alta no custo de geração será compensada pela redução dos subsídios cruzados hoje cobrado na conta de luz.

Além disso, a proposta abre espaço para o cancelamento de contratos com térmicas mais caras e o fim dos leilões de energia de reserva —aquela contratada para funcionar como um seguro— o que pode compensar parte do aumento.

No geral, o mercado elogiou as propostas, alegando que garantem maior previsibilidade aos investimentos no setor, que passou a viver um ambiente conturbado de questionamentos judiciais após a última reforma, promovida pela ex-presidente Dilma Rousseff, em 2012.

 

ENTENDA

Reforma do setor elétrico afeta vários pontos

Mercado livre cresce

Governo quer reduzir os requisitos para adesão ao mercado livre de eletricidade, no qual clientes podem negociar contratos com geradores e comercializadoras. Hoje, é exigida demanda mínima de 3 megawatts

Garantias diárias

Para reduzir inadimplência, agentes que operam no mercado de eletricidade serão chamados a aportar garantias diariamente para cobrir suas posições no mercado, o que hoje acontece mensalmente

Tarifa por hora

As regras preveem que poderá ser implantada até o final de 2021 a cobrança de tarifas de eletricidade diferenciadas por horário para todos consumidores, mesmo residenciais

Descontratação de termelétricas caras

Termelétricas com custo de operação muito elevado poderão rescindir contratos sem pagamento de multa

CCEE assume funções

A CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), que registra contratos de compra e venda de energia, deve ter um papel maior, centralizando pagamentos a agentes de transmissão de energia

Fim da energia “de reserva”

Governo quer separar a contratação de nova capacidade em usinas, ou lastro, da comercialização de energia dos empreendimentos

 

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