Aneel eleva cobrança extra na bandeira amarela da conta de luz – Folha de SP

Análise do ILUMINA: Qualquer notícia sobre o setor elétrico só gera dúvidas. Vamos por partes!

  1. Se a bandeira amarela vai passar de R$ 1,50 para R$ 2,00, o aumento é de 50 centavos em dois reais. Isso significa 33% de aumento!
  2. A bandeira, sempre revelada por 100 kWh, uma unidade que não é usada em nenhum país do planeta, na realidade, esconde aumentos significativos.
  3. R$ 2,00/100kWh significa R$ 20/MWh. Se a parcela da energia de uma conta gira no entorno de R$ 250/MWh, isso significa um aumento de 8% de uma hora para outra.
  4. A bandeira vermelha patamar 2 (roxa?) significa um aumento de 14%!
  5. O uso dessas bandeiras não depende apenas de São Pedro, como o governo quer nos convencer. Como o sistema lida com um estoque de água nos reservatórios, precisar de bandeiras também depende de como é feita a gestão dessa reserva.
  6. Depende também de como é feita a expansão da capacidade de geração. Se, por problemas de modelo, essa capacidade é superavaliada, reservatórios se esvaziam.
  7. Ao contrário do que afirma o texto, a bandeira tarifária é uma punição e não um “caráter educativo”. O consumidor que economizar continuará pagando a bandeira na mesma proporção de seu consumo.
  8. E quanto ao risco hidrológico que será repassado ao consumidor? Talvez seja um acontecimento único no planeta. Assume o risco alguém que nada tem a ver com a gestão!

Mas, o pior de tudo não é isso. Na realidade, as empresas distribuidoras estão em situação financeira complicada e não conseguem manter o pagamento de geração térmica quitada apenas na data da sua revisão tarifária.

Por que?

  1. A carga despencou. Perda de faturamento.
  2. O mercado livre, que divide o mesmo sistema dos clientes da distribuidora, continua atraindo consumidores, independente das consequências. Perda de faturamento.
  3. Dada a ignorância do governo e a falta de definição de política que não percebe o potencial da geração solar distribuída, as distribuidoras estão tendo que lidar com mais essa incerteza.

Philipp Guelland/AFP

 

As bandeiras tarifárias que são aplicadas nas contas de luz terão novos valores neste ano. A bandeira amarela vai passar de R$ 1,50 para R$ 2 a cada 100 kWh (quilowatts/hora) consumidos. A bandeira vermelha patamar 1 fica inalterada, em R$ 3 para cada 100 kWh, e o valor da bandeira vermelha patamar 2 cairá de R$ 4,50 para R$ 3,50 a cada 100 kWh.

Os novos valores foram aprovados nesta terça-feira (14) pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A proposta recebeu contribuições por meio de audiência pública. As distribuidoras pleitearam a criação de novo patamar de bandeira amarela, mas o relator entendeu que a estrutura atual é a mais adequada.

“Além do aspecto econômico, o sistema de bandeiras tarifárias possui caráter educativo e é uma forma transparente de comunicar aos consumidores que as condições de geração de energia elétrica no país estão menos favoráveis, no caso de bandeira amarela, ou mais custosas, de acordo com o patamar de bandeira vermelha que é acionado”, explicou o diretor José Jurhosa, relator da proposta.

Os valores das bandeiras tarifárias são revisados a cada ano, de acordo com as variações de custo de energia. Desde dezembro do ano passado, a bandeira tarifária aplicada nas contas de luz é a verde, ou seja, sem cobrança extra para os consumidores.

De acordo com o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, as contas de luz no Brasil deverão seguir com a bandeira tarifária verde ao menos até o fim de abril.

O sistema de bandeiras tarifárias foi criado em 2015 como forma de recompor os gastos extras com a utilização de energia de usinas termelétricas, que é mais cara do que a energia de hidrelétricas. A cor da bandeira que é impressa na conta de luz (vermelha, amarela ou verde) indica o custo da energia, em função das condições de geração de eletricidade. Quando chove menos, por exemplo, os reservatórios das hidrelétricas ficam mais vazios e é preciso acionar mais termelétricas para garantir o suprimento de energia no país.

RISCO HIDROLÓGICO

A Aneel também decidiu abrir uma nova audiência pública para para discutir como o aumento do risco hidrológico deste ano será repassado para as tarifas dos consumidores. A expectativa da Aneel é que o custo desse risco, que reflete a falta de chuvas e a geração menor de energia pelas hidrelétricas, e não é coberto com a bandeira tarifária, possa chegar a R$ 5 bilhões neste ano, o que pode significar um impacto de 2,5% nas tarifas de energia.

Mas, de acordo com a Aneel, esse não será um custo novo para os consumidores, apenas será aplicado nos reajustes das tarifas deste ano, em vez de entrar apenas no ano que vem, com correção pela taxa Selic.

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