Curto-circuito à vista – Folha de S. P.

Análise do Ilumina:

Geralmente não comentamos questões políticas relacionadas ao setor elétrico. Mas é impossível não chamar atenção de que a coluna abaixo mostrou o que realmente ocorreu em Furnas durante o governo Lula. É preciso lembrar que a futura presidente, Dilma Rousseff, não estava numa outra área completamente diferente da energia. Ela era a Ministra de Minas e Energia e, se não sabia dos “negócios” que ocorriam dentro da maior empresa geradora da América Latina, foi, no mínimo, omissa.

Pode-se dizer que a “intervenção” para conter práticas ilícitas, se ocorreu, foi após muita influência desses políticos e, devido ao grande atraso, permitiu grande liberdade aos hoje acusados. Vamos colocar os pingos nos is. 


Bernardo Mello Franco

17/07/2016  02h00

No slogan bolado por marqueteiros, a estatal Furnas Centrais Elétricas se apresenta como “a energia que impulsiona o Brasil”. Fora da propaganda, a empresa tem impulsionado escândalos em série. A disputa por seus contratos está por trás das maiores crises políticas recentes: o mensalão e o impeachment de Dilma Rousseff. Um novo curto-circuito começa a ser montado pela gestão de Michel Temer.

A guerra pela estatal precipitou os choques entre o deputado Roberto Jefferson e o governo Lula. Os fusíveis se queimaram quando o Planalto decidiu substituir o diretor Dimas Toledo, que era ligado ao tucanato mineiro e também prestava serviços ao PTB. Irritado, Jefferson passou a contar o que sabia sobre a distribuição de mesadas no Congresso.

No segundo mandato de Lula, Furnas passou à influência do deputado Eduardo Cunha. Sua cruzada contra a presidente Dilma Rousseff começou quando ela decidiu tirá-lo de perto dos cofres da estatal. “Dilma teve praticamente que fazer uma intervenção na empresa para cessar as práticas ilícitas, pois existiam muitas notícias de negócios suspeitos e ilegalidades”, contou o ex-senador Delcídio do Amaral aos procuradores da Lava Jato. “Esta mudança na diretoria de Furnas foi o início do enfrentamento de Dilma Rousseff com Eduardo Cunha”, acrescentou.

Delcídio também ligou o senador Aécio Neves a suspeitas de desfalques na estatal durante o governo Fernando Henrique Cardoso. O Supremo Tribunal Federal instaurou inquérito para investigar o tucano.

Na semana passada, Temer anunciou que entregará Furnas à bancada do PMDB de Minas Gerais na Câmara, um aglomerado de aprendizes de Cunha. “Vou devolver a estatal a eles. Furnas pode ser mais expressiva politicamente do que o Turismo. Tem Chesf, Eletronorte, Eletrosul, Itaipu…”, disse o interino ao jornal “O Estado de S. Paulo”. No dialeto de Brasília, “expressiva politicamente” quer dizer isso mesmo que você está pensando. 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *