Evidências ou Coincidências? – Outra pequena análise do ILUMINA

Dada a mudança de risco de racionamento baixíssimo para baixo, anunciada pelo Ministério de Minas e Energia, o ILUMINA volta a mostrar evidências de que o problema não é apenas o sumiço do superlativo.

O Gráfico abaixo mostra a soma de toda a geração térmica e toda a geração eólica dividida pela carga do sistema. Ou seja, toda geração não hidráulica como percentual da carga.

Parece inegável que, de 2001 até 2012 (11 anos), o padrão de atendimento energético era: Térmicas tomam conta de ~ 10% da carga e Hidráulicas cuidam de 90%. De repente, uma pedra no meio do caminho. Num certo mês de 2012 (setembro), o padrão passa a ser: Térmicas 20%, Hidráulicas 80%. Portanto, o dobro do critério anterior.

Estendemos esse padrão até o final de 2014, pois, num ano eleitoral, com Copa do Mundo padrão FIFA e situação atual de reservatórios padrão SUS, essa não é uma suposição muito fora da realidade.

Uma mudança de padrão dessa ordem e por tantos meses pode ser considerada uma situação conjuntural? O governo pensa que sim, mas o ILUMINA acredita que não e mostra mais uma vez que essa situação já se delineava há pelo menos 5 anos.

O gráfico abaixo mostra o decréscimo relativo da capacidade de reserva em relação á carga com e sem a ajuda da geração térmica e eólica. As linhas tracejadas são as tendências lineares das duas curvas.

Como se pode ver, a queda da reserva foi totalmente ignorada pela complementação térmica. A “ajuda” das térmicas correspondeu a aproximadamente 0,8 meses de consumo em todo o período. Essa situação traz um efeito imediato e inevitável: Reservatórios se esvaziam mais rapidamente.

Assim, duas conclusões podem ser tiradas:

  • O decréscimo da capacidade de regularização já era evidente e conhecido desde 2004. Nem a expansão e nem os critérios de operação tomaram conta dessa importante mudança.
  • Provavelmente, o súbito e tardio padrão 20% atual não poderá ser reduzido para os 10% anteriores. Se isso for ser feito, provavelmente teremos outros sustos previsíveis.

Assim, se finalmente o governo percebeu que não pode ficar alheio a essa mudança estrutural e vai adotar um critério mais conservador da reserva, ai o problema se transforma no outro nó do setor.

O que significam térmicas sendo ligadas mais frequentemente e mais cedo? Bem, elas são acionadas pelo Custo Marginal de Operação (cmo), variável matemática calculada pelo modelo NEWAVE.

Agora, vejam a enorme confusão em que nos metemos. Veja o eu diz a nota técnica da EPE sobre o critério de garantia do setor.

Ou seja, quando o CMO médio é igual ao CME (custo marginal de expansão), o sistema está em equilíbrio. Atenção! Quando não é igual, o sistema NÃO ESTÁ EM EQUILÍBRIO. O formulário abaixo é o que determina a partir desse princípio as garantias físicas (GF) das usinas. TODAS ELAS!

Não é preciso entender tudo. Talvez seja mais fácil compreender as equações da mecânica quântica e o ILUMINA não vai exigir tanto de seus leitores. Basta ver que todas as equações dependem do cmo e se o critério vai mudar, consequência lógica, todas as “ofertas” (GF’s) vão mudar.

Como a média do cmo vai se elevar para justificar o uso mais frequente das térmicas, a Carga Crítica terá que diminuir, para que a média do cmo se reduza e fique aproximadamente igual ao CME. Como a carga não pode diminuir, o SISTEMA ESTÁ EM DESEQUILÍBRIO ESTRUTURAL, ao contrário do que afirma o governo.

Todo esse imbróglio mostra a confusão em que nos metemos ao tentar imitar o sistema inglês fixando um valor de garantia física que não consta de dados da usina e depende de critérios de operação.

Por último, o que a MP579 de 11/09/12 tem a ver com isso? Tudo! Quem quiser acreditar que a escolha da data setembro de 2012 para alterar fortemente o critério de operação é uma coincidência, fique livre para nos explicar quais foram as verdadeiras razões.

A outra relação da MP579 com tudo isso é que a intervenção nas tarifas das usinas foi insuficiente para alterar o caminho de encarecimento da energia que vamos trilhar. Serviu apenas para incentivar ainda mais o consumo nos empurrando para o MWh a R$ 822 ou ao MWh que não vai ter.

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