IPO de Furnas pode render até R$ 10 bi – Valor

 

Análise do Ilumina:

Nós não gostamos de brigar com números. Quando revelados, eles são eloquentes.

Por exemplo, os números que são obtidos da análise da Lei 12.783/2013 que resultou na intervenção dos preços praticados pelas usinas e linhas atingidas, nos permite dizer que o governo Dilma, sem coragem para enfrentar outras razões da alta tarifa brasileira, resolveu sacrificar as empresas estatais.

Que outra interpretação pode ser dada quando, mesmo com 16% das usinas cedendo energia por menos de US$ 5/MWh, a tarifa residencial brasileira permanece no entorno de US$ 245/MWh?

Outro número, US$ 72/MWh, nos permite dizer que a tarifa “Dilma” é absurda, pois esse valor, 1/3 do nosso, é a tarifa praticada pela estatal Hydro Quebec, justamente a que tem o sistema mais semelhante ao brasileiro. Em tempo, a estatal Canadense está muito bem de finanças, ao contrário da quase falida Eletrobras. Quer conferir? http://www.hydroquebec.com/publications/en/corporate-documents/comparaison-electricity-prices.html

Já mostramos muitas vezes o que poderia ser feito. As amortizações estavam contabilizadas, auditadas e aprovadas pela ANEEL. Portanto, alguma redução (cerca de 60%) poderia ser feita sem a destruição provocada na Eletrobras. O voluntarismo e a falta de coragem de enfrentar os outros defeitos, os que poderiam incomodar o setor privado, impuseram reduções de 90% à Eletrobras. O impressionante 90% é dado numérico da nota técnica 385/2012 – SRE/SRG/ANEEL! Não é inventado pelo Ilumina!

Essa é só uma introdução para a notícia abaixo, que mostra mais uma demonstração de falta de coragem e uma ardilosa estratégia para dizer à sociedade brasileira que “o governo não está privatizando”. Imagine!

Para demonstrar numericamente tal ardil, perguntamos aos leitores qual o resultado das seguintes multiplicações:

  1. 51% x 39%?
  2. 51% x 25%?
  3. 51% x 40%?

Não precisa calcular. Repararam que todas resultam em menos de 50%?

Pois, os 51% são para poder afirmar “não estamos privatizando patrimônio público”, pois só se vende 49%. Os segundos percentuais, menores que 50%, são 3 exemplos reais(há mais de 200!) de ativos das Sociedades de Propósito Específicos que já são de controle privado e, hoje, são maioria no organograma, tanto em Furnas quanto na Chesf. Portanto, privatiza-se o que já é privado.

Portanto, sem entrar no mérito da privatização, ainda mais depois do estrago feito em 2012, pedimos para nos poupar de hipocrisias. Assumam sem disfarce a desejada privatização da Eletrobras e enfrentem as reações.


 

Por Claudia Schuffner

A venda de uma fatia do capital da elétrica Furnas, subsidiária do grupo Eletrobras, pode render de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões. O valor corresponde a um percentual de até 49% da empresa, cuja proposta para abertura de capital da estatal foi, enviada pelo presidente da empresa, Flavio Decat, ao ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho. A proposta, com data de maio, foi elaborada pela gestora de recursos 3G Radar, e foi obtida pelo Valor.

Para alcançar a ponta superior do intervalo bilionário, contudo, seria necessária uma reforma do estatuto para introduzir regras que melhorem a governança, entre elas a indicação de diretores contratados no mercado e a negociação das ações no ambiente do Novo Mercado da BM&FBovespa, entre outras medidas, segundo a proposta. A avaliação é de que o preço obtido será maior à medida que o mercado financeiro seja capaz de medir as melhorias na gestão da estatal de energia elétrica.

O “preço base” de 100% do valor de mercado projetado para Furnas ­ que tem capital fechado ­ é de R$ 15,9 bilhões, considerando valores de maio de 2016, podendo chegar a R$ 20 bilhões se as condições de mercado forem favoráveis ­ no cenário otimista, portanto. Mesmo o valor “base” da avaliação da empresa já superava o valor de mercado da Eletrobras na bolsa também em maio, que era de R$ 11,5 bilhões. Na sexta­feira, depois de mudanças regulatórias e de comando anunciadas pelo governo, a capitalização da Eletrobras em bolsa já havia subido para R$ 20,5 bilhões. Convém ressaltar que em estudos da 3G Radar têm como referência a data de maio, sem capturar efeitos que já fizeram subir as cotações das ações da sua controladora.

A União tem 67% do capital da holding estatal. Outros 32,8% estão no mercado, incluindo as ações negociadas na BM&FBovespa, Bolsa de Nova York (NYSE) e na Bolsa de Madri. A Eletrobras por sua vez, controla Furnas, Chesf, Eletronorte, Eletrosul, Eletronuclear e a CGTEE, além de deter 50% de Itaipu Binacional e ainda seis distribuidoras estaduais de energia nas regiões Norte e Nordeste do país (Ceal, Cepisa, Ceron, Eletroacre, Boa Vista Energia e Amazonas Energia).

Considerando participações diretas e indiretas, no Brasil e no exterior, o grupo Eletrobras tinha no ano passado participação em 178 Sociedades de Propósito Específico (SPEs), segundo as demonstrações financeiras da estatal. Desse total, Furnas tem participação minoritária em 57 empreendimentos, que incluem as hidrelétricas Santo Antônio, em Rondônia, e Belo Monte, no Pará, entre outros.

Na avaliação da 3G Radar, somente as participações de Furnas em SPEs valem R$ 3,3 bilhões. Recentemente o governo informou que as participações da Eletrobras nas SPEs foram avaliadas em R$ 20 bilhões e podem ser vendidas. Portanto, não é claro a manutenção desses ativos com Furnas considerando os planos de venda do governo.

Sem as SPEs, o preço de avaliação de Furnas cairia para R$ 12,6 bilhões, valor maior do que os R$ 11,5 bilhões de valor de mercado atribuídos à Eletrobras pela 3G Radar. Isso é um demonstrativo de que a situação da holding é tão complicada que ela “afunda” a avaliação de suas controladas, como nota um executivo ouvido pela reportagem.

O modelo de abertura do capital de Furnas desenhado por demanda do atual presidente da estatal ­ que já entregou o cargo mas ainda permanece a pedido do ministro ­ prevê que a oferta das ações seja feita em duas etapas, para capturar a valorização após as mudanças na governança da empresa. Na primeira a proposta é que sejam vendidos 30% do capital da companhia, e na segunda etapa seriam oferecidos outros 19%.

Para melhorar a governança também são propostas ações como a nomeação de pessoas com experiência empresarial comprovada para o conselho de administração da estatal, e que no mínimo 30% dos membros sejam independentes e com poder de vetar questões relacionadas à estrutura de governança e compromissos empresariais. Também é sugerida a criação de comitês de apoio ao conselho, para tratar de questões específicas envolvendo governança; finanças e gestão; recursos humanos; auditoria e compliance; novos negócios e gestão das participações.

Para aumentar a atratividade da empresa também foram incluídas no estudo da 3G Radar ações como a criação de uma política de distribuição de no mínimo 50% dos resultados como dividendos; criação de metas de crescimento e de rentabilidade; e limites para o endividamento; além de uma política de remuneração variável associada ao cumprimento de metas operacionais financeiras e de gestão.

Essas mudanças, segundo o Valor apurou, poderão sinalizar ao mercado uma guinada na gestão da estatal, o que seria o ponto de partida para uma avaliação melhor do preço da companhia pelos agentes do mercado de capitais. Procurada, Furnas informou que se trata ainda de um estudo interno da companhia.

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