Daniel Rittner (texto após a análise)
Análise do Ilumina: A notícia é apenas mais uma descrição de sintomas sempre presentes na imprensa. É como se alguém fosse ao médico com dor de cabeça e febre e ele dissesse que o paciente tem dor e febre. Não há diagnóstico.
Como já mostramos diversas vezes, as tarifas brasileiras explodiram. De 1995 até 2015 o preço do kWh residencial (apenas a energia) se elevou 64 % acima da inflação. As indústrias que ainda estão no mercado das distribuidoras amargam um kWh 134 % acima da inflação.
Vejam que esse é o único dado médio disponibilizado pela ANEEL. Se alguém quiser a tarifa média final (incluído transmissão, distribuição, encargos, impostos e, agora, bandeira tarifária), esqueça. Se sua curiosidade não passar, acesse a Agência Internacional de Energia. Lá é possível obter o dado completo de muitos países, menos do Brasil, claro!
O interessante dessa notícia é que ela permite ao Ilumina mostrar os bastidores da crise energética brasileira. É apenas uma das muitas razões da explosão tarifária, mas já é alguma coisa. Abaixo, a evolução da Receita Anual Permitida da Transmissão até 2011. Como se pode verificar, esse custo é 6 x maior do que era em 2000. Descontada a inflação do período 2000 – 2011, percebe-se um aumento de 500% acima da inflação. É bom repetir e colocar em negrito: 500 % real!
As razões dessa explosão são muitas. Eis algumas:
- Projetos básicos insuficientes exigindo ampliações não previstas e revisões das receitas.
- Leilões feitos com preços tetos irrealistas que resultaram em grandes deságios. Mesmo assim, como se pode constatar, aumento de custos.
- Impactos ambientais não previstos nos projetos básicos.
- Atrasos como consequência óbvia causando aumento de custos operacionais.
- Leilões que resultaram em linhas de uma empresa fazendo conexão com subestações de outra empresa. Evidentes complicações e incompatibilidades de equipamentos.
Fonte: Tarifas de Energia Elétrica: Evolução nos Últimos Anos e Perspectivas Mario Roque Bonini – Engenheiro e Mestre em Economia pela Unicamp.,
As autoridades do setor, ao invés de procurar enfrentar seus próprios erros e fazer um diagnóstico, escondem o dado acima e outras medidas totalmente distintas são anunciadas para estancar os vergonhosos aumentos.
Como todos sabem, a receita foi: Medida Provisória, imposição de Custos apenas à Eletrobras porque quem sabe fazer conta não aceita o que foi proposto, criação de uma dívida de indenizações que não existiria se fossem respeitadas as contabilidades oficiais e, evidentemente, endividamento do setor público. Uma redução pífia de 18% e, logo após + 60% de aumento. A solução deverá vir de mais remendos, onde o BNDES atua como Band-Aid.
Para o setor elétrico e seus usuários, a sociedade brasileira, sobra a descapitalização das empresas, desinvestimento e desconfiança dos investidores. O óbvio resultado pode ser apreciado em detalhe no texto da reportagem.