Salário Mínimo, MWh máximo

O estudo abaixo foi feito a pedido do jornal O GLOBO. Uma reportagem publicada hoje (25/04) mostra os resultados. (Sugerimos ler os comentários postados logo abaixo do estudo para esclarecimentos ainda maiores)

http://oglobo.globo.com/economia/petroleo-e-energia/brasileiro-trabalha-11-horas-no-mes-so-para-pagar-conta-de-luz-19157066

  • O governo precisa explicar como chegamos a esse patamar de tarifas MESMO COM AS USINAS DA ELETROBRAS PRATICAMENTE “DOANDO” ENERGIA. O ILUMINA, atendendo à reportagem de Ramona Ordonez, simplesmente mostra os dados.
  • Outro aspecto muito importante é que essa comparação do preço da energia ao salário não deve ser entendida apenas com a visão do consumo direto do assalariado. É preciso lembrar que em praticamente todos os produtos de consumo há kWh “inseridos” na fabricação do mesmo. O mesmo vale para serviços. Poderíamos dizer que, se kWh fosse uma moeda, o brasileiro está cada vez mais pobre.
  • Chamamos a atenção para o fato dos salários estarem corrigidos pela técnica de Paridade do Poder de Compra (Purchase Power Parity) que indexa os salários de cada país a uma cesta de produtos. Portanto, o dado brasileiro já está corrigido para cima, uma vez que, relativamente a outros preços, o poder de compra é maior do que a simples conversão do SM em US$.

Os dados da comparação tarifária já estavam feitos no link abaixo:

http://ilumina.org.br/mais-um-vexame-brasileiro/

Usamos uma base de dados consistente com a comparativa de preços residenciais em países da OCDE, fizemos uma simples conta utilizando o documento “Minimum wages around the world” que compara salários mínimos em US$/hora sob o critério PPP (Purchase Power Parity – https://en.wikipedia.org/wiki/Purchasing_power_parity#OECD_comparative_price_levels)

Como o Brasil não faz parte da OCDE, utilizamos a estimativa citada no Wikipedia, também sob o critério PPP (2,12 US$/hr).

Ao fazer essa análise, o vexame brasileiro é bastante ampliado, pois, comparado ao salário mínimo, o Brasil é o país com a energia elétrica mais cara entre os países listados.

Mais uma vez, chamamos a atenção para a comparação entre Canadá e Brasil, países com semelhanças entre seus sistemas elétricos (grandes reservatórios e longas linhas de transmissão). O brasileiro que ganha salário mínimo precisa trabalhar 111 horas para “comprar” 1 MWh. Um canadense que recebe salário mínimo só precisa trabalhar 16 horas.

Obs: Alguns países constantes da tabela comparativa de tarifas não estão presentes aqui porque não possuem salário mínimo oficial. (Noruega, Itália, Suécia, Finlandia, Suiça e Dinamarca).

Voltamos a salientar que as 111 horas se referem ao preço praticado sob a intervenção da MP 579. Nesse preço (US$ 236/MWh), há a energia das usinas da Eletrobrás que vendem por menos de US$ 10/MWh. A empresa acaba de amargar um prejuízo de R$ 14 bilhões. Portanto, caso os preços intervencionistas não fossem destruidores de valor e continuássemos sem um diagnóstico que identifique as verdadeiras razões da explosão tarifária, quem ganha salário mínimo teria que trabalhar 151 horas para “comprar” 1 MWh (Brasil contábil). 

 

 

  12 comentários para “Salário Mínimo, MWh máximo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *