Gráficos e dados para entender e pensar – Capítulo II

Vamos continuar com a análise:

No Capítulo I nós aprendemos que:

  1. Usinas “vendem” sua “garantia”, um valor que não é a sua geração de energia!
  2. A expansão da garantia se deu principalmente com térmicas.
  3. O consumo total só esteve folgado em dois períodos: 2004 – 2008 e 2014 – 2016 por conta da recessão. No resto do tempo, andamos muito próximo ao limite.

Se você quiser consultar, http://ilumina.org.br/graficos-para-nos-fazerem-pensar-e-entender-capitulo-i/


 

Esse é o CAPÍTULO II

Vamos acrescentar ao gráfico do Capitulo I a geração de todas as hidráulicas. É a curva amarela do gráfico abaixo.

  • Vejam o detalhe! As hidráulicas geraram quase sempre acima da sua garantia física até 2014.
  • São praticamente 10 anos com as hidroelétricas “invadindo” a garantia das termoelétricas.
  • De 2008 até setembro de 2012 essa “invasão” se acentuou.

Vamos dar um zoom nessa imagem.

  • Reparem que no início de 2010 as hidráulicas geraram quase toda a carga. “Sobrou” muito pouco para as térmicas e outras fontes.
  • Um exemplo impressionante: Em fevereiro de 2010, as térmicas e outras formas de geração ficaram com apenas 7% da energia. 93% foi kWh gerado nas hidroelétricas!
  • Um parenteses: Repararam como a curva da Garantia Física oscila? Qualquer um imaginaria que os menores valores ocorrem no período seco, não é? Nada disso!! Os menores valores ocorreram justamente no período úmido, pois a regulamentação permite que os donos das usinas escolham alocar sua garantia a cada mês e, geralmente, o mês de janeiro é o que apresenta o menor valor de preço no mercado livre. Portanto, é o inverso do que se pensa. A garantia é regida pela especulação sobre flutuação de preço. O pico de Janeiro de 2013, por incrível que pareça, foi um “acerto” para alocar a garantia concentrada num mês, por conta do esvaziamento recorde daquele mês, por mais estranho que isso signifique. É um fenômeno inexistente em qualquer mercado de energia, e duvidamos que alguma autoridade do setor tenha coragem de apresentar essa bizarrice num simpósio internacional sobre mercados de energia…. mas, quem se importa?

Continuando, o gráfico abaixo mostra que a oferta de garantia das térmicas (área vermelha) foi preenchida apenas parcialmente por geração térmica real (linha amarela).

Como, desde 2004, as térmicas “vendem a sua garantia” ao invés da geração, qual foi a energia acumulada hidráulica que substituiu a geração térmica? O gráfico abaixo mostra esse dado impressionante. 

 

Reparem que, em janeiro de 2013, a energia acumulada acima da garantia para substituir a garantia térmica chegou a 250.000 MW médios. Isso equivale a aproximadamente o que o Brasil consome durante 5 meses.

Você pode estar pensando que isso é ótimo, pois ao invés de pagarmos pela energia térmica, estamos pagando energia das hidroelétricas. Seria fantástico se fosse assim. Como vamos ver nos próximos capítulos, essa vantagem não é capturada com isonomia por todos os consumidores. Além disso, se há um “abuso” do uso da reserva, consequencias futuras serão geradas.

Quais foram as lições desse capítulo?

  1. As hidráulicas geraram acima da sua garantia física até 2014.
  2. As térmicas geraram abaixo de sua garantia física exceto em alguns meses de 2015.
  3. Como as usinas vendem a sua garantia, as térmicas, na realidade, repassaram energia hidráulica.

Uma pergunta provocativa: Todo esse comportamento invasivo da garantia de térmicas não tem nada a ver com o esvaziamento dos reservatórios?

Capítulo III

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