Gráficos e dados para entender e pensar – Capítulo III

 

No Capítulo I nós aprendemos que:

  1. Usinas “vendem” sua “garantia”, um valor que não é a sua geração de energia!
  2. A expansão da garantia se deu principalmente com térmicas.
  3. O consumo total só esteve folgado em dois períodos: 2004 – 2008 e 2014 – 2016 por conta da recessão. No resto do tempo, andamos muito próximo ao limite.

Se você quiser consultar, http://ilumina.org.br/graficos-para-nos-fazerem-pensar-e-entender-capitulo-i/

No Capítulo II, aprendemos que:

  1. As hidráulicas geraram acima da sua garantia física até 2014.
  2. As térmicas geraram abaixo de sua garantia física exceto em alguns meses de 2015.
  3. Como as usinas vendem a sua garantia, as térmicas, na realidade, repassaram energia hidráulica.

Se quiser consultar, http://ilumina.org.br/graficos-para-nos-fazer-entender-e-pensar-capitulo-ii/


 

Esse é o CAPÍTULO III

Que tal dar uma olhada como evoluiu o consumo de energia elétrica nesses 12 anos?

 

 

  • Aproximadamente, a carga aumentou cerca de 2.000 MW médios por ano.
  • Desde 2014 o consumo total está estagnado e já mostra sinais de redução, mas, na média e no longo prazo, o incremento de nova geração é quase uma constante.
  • Para se ter uma ideia de novos 2.000 MW a cada ano, é como se fosse necessário acrescentar 4.000 MW de novas hidroelétricas. É como se fosse necessária uma nova usina de Xingó (S. Francisco) a cada ano, ou quase 4 usinas como Furnas (Rio Grande).

Vamos ver qual foi o comportamento da geração térmica nesse período examinando qual foi o percentual da carga atendido por essa forma de geração.

  • Vejam que comportamento estranho. Até setembro de 2012 as térmicas respondiam por aproximadamente 10% da carga.
  • Lembramos que, só nesse período, o certificado de garantia física térmica aumentava 50% e, apesar disso, a geração física permanecia no entorno dos 10%. Em linguagem simples, mais usinas térmicas, mas a geração real ficou estagnada.
  • Justamente a forma que crescia pouco sua garantia (hidráulicas) é que “segurava” a oferta térmica crescente.
  • Na área azul, o pico de quase 20% de geração térmica ocorreu justamente em 2010, um ano que já havíamos mostrado que, em fevereiro, as hidráulicas chegaram a atender 93% da carga. Isso denota uma evidente instabilidade na política de suprimento.
  • A partir de setembro de 2012, o padrão de uso das térmicas (área amarela) muda repentinamente passando a atender mais de 20% do consumo.
  • A medida provisória que interveio na tarifa foi anunciada em setembro de 2012. Coincidência?

Quais foram as lições desse capítulo?

  1. O enredo de operação do sistema pode ser dividido em dois. Antes de setembro de 2012 e depois dessa data.
  2. Antes de setembro de 2012 novas usinas térmicas eram acrescidas à oferta com aumento correspondente da “garantia física”, mas quem atendia a necessidade de kWh físico eram as hidráulicas.
  3. A princípio, essa estratégia permitiria oferecer energia das hidráulicas mais barata do que a das térmicas, mas, evidentemente isso não pode ser mantido por longo tempo. Como foi feito esse acerto entre térmicas e hidráulicas? 
  4. Há um mistério no ar. A intervenção da MP 579 (redução tarifária “na marra”) influenciou a operação ou não?

Questões a serem examinadas nos próximos capítulos.

Capitulo IV

 

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